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Chuva afecta quantidade e qualidade de vinho no Douro
A Renascença foi às vindimas do Douro e ouviu queixas dos vitivinicultores. A chuva está a prejudicar a colheita e há quem anteveja um ano com menos vinho e de menor qualidade.

A chuva que tem caído nos últimos dias está a prejudicar as vindimas na Região Demarcada do Douro e, para evitar males maiores, os vitivinicultores estão a apressar a colheita das uvas.

As previsões apontam para uma redução da quantidade "a rondar os 5%, em relação à média dos últimos cinco anos", quebra associada às "temperaturas irregulares verificadas na fase da floração" e à "precipitação elevada" do Inverno, início da Primavera e final do Verão.

Além das perdas de produção, a qualidade também se está a ressentir com a pluviosidade dos últimos dias. "Antes de chover, as uvas tinham um bom grau e agora está a baixar bastante, quase três graus", diz Manuel Queiroga, concluindo que "a qualidade não é tão boa como nos anos anteriores e, além disso, há menos vinho", explica.

"O bago começa a inchar, acaba por rachar e o vinho escoa-se por ali", precisa Júlio Gomes.

Daniel Lombas, vitivinicultor no concelho de Murça, revela à Renascença que "as uvas, principalmente as brancas, estão a apodrecer" e que, quando as vão vindimar, ficam com elas na mão.

Fernando Ribeiro já colheu parte das uvas e está na fila, à espera de as entregar na Adega Cooperativa de Murça. Confessa que "o ano vai mau e, se continuar a chover, vai estragar-se o que resta".

Contas por fazer
Os vitivinicultores ainda não fizeram contas aos prejuízos, mas José Alves afirma à Renascença que "vão ser muito significativos".

"O ano passado colhi 10 pipas de vinho generoso, se este ano colher seis já me dou por contente", frisa o vitivinicultor.

Manuel Queiroga refere que "as cooperativas pagam pelo grau" e que "o peso não conta". E como o grau está mais baixo, vai "receber menos dinheiro".

"Há bocado trouxe umas uvas que tinham 11,5 graus e agora estas estão em 10,4. É quase um grau de diferença e isto significa menos cinquenta euros por pipa", diz Fernando Ribeiro.

Também Manuel Pereira se mostra preocupado com a qualidade das uvas que se reflecte no teor alcoólico do vinho e, consequentemente, com o que vai receber pelas 25 pipas de vinho que conta produzir. Há duas semanas trouxe uvas com 14,9 graus e as que traz agora andam nos 11 graus. "Já viu quanto não vou perder?" - questiona.

Na Região Demarcada do Douro ainda há muitas vindimas por fazer e, se a queda de chuva se mantiver, os vitivinicultores temem o agravamento dos prejuízos.




Fonte:
Rádio Renascença