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Os verdes atiram-se ao mundo
As exportações não param de crescer e representam já mais de 40% da produção. Concurso para os vinhos da produção e as melhores harmonizações mostram como a qualidade dos verdes tem evoluído.

No mar de dificuldades e constrangimentos a que o sector vitivinícola também não escapa, há uma espécie de oásis chamado vinho verde. As vendas continuam crescer e, com elas, as exportações dão até mostras de um dinamismo que é caso único. Mesmo quando olhado ao nível internacional. Só na última década, as vendas de vinhos verdes para o estrangeiro passaram de um total de 10% para cerca de 40% da produção.

A evolução tem sido particularmente acentuada nos últimos anos e os principais mercados estão, por esta ordem, nos E.U.A., Alemanha e França, mas também destinos como o Canadá, Brasil e Suíça assumem crescente importância nas exportações dos vinhos frescos e diferentes do Noroeste de Portugal.

Para se ter uma ideia desse crescimento recente, diga-se que no último ano foram exportados à volta de 19,5 milhões de litros, quando há quatro anos esse volume era de 13,5 milhões. E os números quase triplicam quando olhados à distância de uma década, face aos 7,9 milhões de litros das exportações em 2003.

Mais interessante ainda é ver que, a par do crescimento em volume, também os preços de venda têm tido sempre um ligeiro incremento, numa tendência que vai ao arrepio daquilo que tem sido a regra para a generalidade das regiões produtoras de todo o mundo. Os preços têm caído, nalguns casos até de forma acentuada, praticamente com uma única excepção para os grandes vinhos franceses.

As contas mostram que o preço médio por litro das exportações de verdes passou de 2,1 para quase 2,3 euros por litro ao longo da última década. Não será uma grande valorização, mas o que a torna mais interessante é verificar que, quando sobrepostos os gráficos da evolução em euros e em volume, o crescimento do valor é sempre ligeiramente superior ao das quantidades. Uma tendência que se mostra crescente e consistente ao longo dos últimos anos.

As razões podem ser muitas e a elas não será alheio o facto de consumidores e especialistas, sobretudo internacionais, reclamarem por vinhos diferentes, mais leves e frescos. Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura Regional (CVR), reclama também uma mudança geracional e de atitude, com efeitos na modernização das vinhas e a qualificação do trabalho nas adegas.

Os números parecem confirmar essa mudança e uma aposta na qualidade em detrimento da quantidade. Dos mais de 46 mil produtores registados em meados da década de 1990, a região passou para 33 mil há dez anos e cifra-se actualmente nos 20 mil. Também a produção total de vinhos verdes que era de 90 milhões de litros em 2005 passou para pouco mais de 50 mil no ano passado.

 

Melhores combinações

Com qualidade crescente e uma cada vez maior aceitação nos mercados externos, o presidente da CVR acredita mesmo que ainda nesta década as exportações hão-de ultrapassar os 50% da produção, tal como vaticinou na recente cerimónia de entrega dos prémios aos melhores vinhos da região. Manuel Pinheiro crê ainda que o modelo adoptado nos últimos anos para o concurso anual também tem ajudado a definir linhas de evolução qualitativa. Além de especialistas externos, o júri integra também provadores das várias CVR do país, e parece evidente que os verdes se afastam cada vez mais do padrão adocicado e gaseificado que era tradicional.

Para lá da escolha dos melhores vinhos da produção nas diversas categorias, foi também criado o Best Of, ou seja a eleição dos melhores entre os melhores (ver quadros). Resulta da escolha de um júri internacional, que este ano era composto por nove especialistas representando os principais países de exportação. Os cinco vinhos por eles eleitos são aqueles que durante o ano acompanham todas as acções promocionais da CVR no estrangeiro. São escolhidos de entre os 35 mais pontuados no concurso da produção, sendo também interessante verificar que apenas num dos casos a escolha internacional coincidiu com a dos provadores nacionais (ver quadros).

Também o concurso anual de harmonização parece apontar para a crescente apetência e refinamento dos vinhos verdes. Além de candidatura de restaurantes de todo o país, num total de 72 neste ano, começam também a aparecer harmonizações com vinhos de colheitas antigas, mostrando uma vertente qualitativa ainda muito pouco explorada nos verdes. Isso mesmo foi posto em relevo por um especialista alemão durante o jantar que serviu para a entrega dos prémios. Além da qualidade, diferença, frescura e leveza de que os verdes crescentemente dão mostras, Peer Holm chamou também a atenção para "a fabulosa capacidade de envelhecimento" dos vinhos verdes.

Outro interessante depoimento foi o do especialista brasileiro Carlos Cabral de Melo, que destacou as qualidades gastronómicas dos verdes. Partindo do facto de que o Brasil é, a seguir a Portugal, o segundo maior consumidor mundial de bacalhau, aconselhou os produtores a explorarem as combinações entre ambos, o que considerou seria uma excelente estratégia para combater as elevadas taxas que são aplicadas aos vinhos europeus e a concorrência dos Sauvignon da Argentina e Chile.

BEST OF
Dom Ponciano
Alvarinho 2013
Quinta das Almas
Avesso 2013
Casal de Ventozela
Loureiro 2013
Quinta de Linhares
Avesso 2013
Via Latina
Alvarinho 2013

MELHORES VERDES NA PRODUÇÃO
QL 2013 Alvarinho
Quinta da Lixa
Quinta de Linhares
Avesso 2013
Quinta da Lixa
Loureiro 2013
Casa de Vilacetinho Colheita
Seleccionada
Arinto 2013
Quinta da Lixa
Verde Branco 2013
Praça de S. Tiago Colheita
Seleccionada Espadeiro
Vinho Verde Rosado
Quinta da Levada
Azal 2013
Casa de Vilacetinho Colheita
Seleccionada
Azal 2013

CONCURSO VINHOS VERDES E GASTRONOMIA
Restaurantes vencedores
Dom Joaquim, Évora - Cozinha tradicional
Padaria, Sesimbra - Cozinha de autor
Palco (Hotel Teatro), Porto - Cozinha de autor
Quinta del Rei, Vizela - Cozinha de autor
Delicatum, Braga - Cozinha internacional

 

 

Fonte: Público