Apenas 31% das unidades de enoturismo em Portugal possuem alojamento, sendo que, daquelas que têm essa oferta, 76% disponibilizam até dez quartos. É baixa (14%) a percentagem de unidades com parcerias com empreendimentos turísticos e também só 16% têm um restaurante à disposição dos visitantes. Estas são algumas das conclusões do primeiro relatório elaborado pelo Turismo de Portugal para caracteriza a procura e a oferta deste sector, que integra a categoria "Gastronomia e Vinhos" destacada no Plano Estratégico Nacional de Turismo.
A procura aumentou em 2013 para metade das unidades inquiridas - 34% referiram que se manteve o volume de negócio - e as três actividades básicas são disponibilizadas pela esmagadora maioria: provas de vinho, visitas guiadas às instalações e vinhas, e a existência de loja. No entanto, o conceito de "porta aberta" ainda não está enraizado, já que em muitas delas é exigida a marcação prévia ou um número mínimo de clientes.
"O enriquecimento da experiência enoturística com maior diversificação de actividades, a existência de horários constantes e alargados, a não exigência de marcação prévia para um maior número de actividades e uma promoção mais abrangente, nomeadamente com um melhor uso da web [apesar de 87% das unidades possuem sítio na internet e destes, 71% em dois idiomas], podem contribuir para gerar mais procura e receitas", lê-se no relatório divulgado esta quinta-feira, 18 de Dezembro.
A quase totalidade das empresas produtoras de vinho consideram importante ou muito importante a unidade de enoturismo para a divulgação e reconhecimento, embora baixe para 62% a percentagem daquelas que atribuem essa importância em termos de receitas. A questão da falta de escala é notória: para 60% dos visitantes, a permanência média na unidade não ultrapassa as duas horas, o número médio de trabalhadores é de oito elementos e metade das unidades não recebe mais de 500 clientes por ano.
Ainda assim, uma em cada quatro unidades contabiliza anualmente mais de 5.000 clientes. Em termos de procura internacional, o Reino Unido e a França são os mercados com maior peso na procura, seguidos do Brasil, Espanha e Alemanha. Para estes números contribuíram muito as caves de vinhos do Porto, incluídas na base de dados constituída por 339 unidades no Continente e Regiões Autónomas (a taxa de resposta obtida foi de 38%), inquiridas entre Abril e Julho deste ano pelo Turismo de Portugal.
O estudo "The Image of Portuguese Tourism", realizado em Fevereiro a partir de um inquérito a uma centena de membros da Organização Mundial do Turismo, concluiu que o vinho (31%) já é o produto mais associado à actividade turística em Portugal, tendo superado pela primeira vez a clássica imagem de destino de "sol e mar" (17%).
A partir da análise de resultados deste último inquérito do Turismo de Portugal foram ainda identificados três temas como necessidade de formação para 50% ou mais dos inquiridos: idiomas, condução de provas de vinhos e ciclo da vinha e vinho. Por outro lado, temas como a interpretação da paisagem vitivinícola, técnicas de gestão da "web" e media ou desenvolvimento de experiências gastronómicas não se destacaram nas necessidades de formação.
Fonte: Jornal de Negócios / António Larguesa
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