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Crítico inglês ajuda Vinhos do Tejo a vencer fora de portas
Internacionalização faz vendas dos vinhos da região do Tejo subiram 7,4%. O objetivo é crescer dois dígitos este ano

As vendas dos vinhos da região dos Vinhos do Tejo, certificados pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), cresceram 7,4%, de janeiro a abril, face ao período homólogo de 2014. Depois de uma evolução de 9 milhões de garrafas (0,75 litros), em 2007, para 15,5 milhões, em 2011, o volume estabilizou de 2012 a 2014.

Mas atualmente, graças a uma forte aposta na exportação, o crescimento retomou o bom ritmo. Assim, o objetivo é crescer a dois dígitos. Para isso, os agentes económicos da região estão empenhados em ações de promoção em mercados estratégicos como EUA, Brasil, China, Alemanha, Polónia e Reino Unido. Bem como obter opiniões conceituadas como a de Charles Metcalfe, "uma referência no mundo do vinho", define Luís de Castro, presidente da CVR Tejo.

Destacando a existência de opiniões muito qualificadas também em Portugal, o responsável da CVR Tejo insiste na importância de saber em que "patamar de qualidade" estão os vinhos da região. Para, "num futuro próximo, podermos participar, em prova cega, e poder ombrear com vinhos de outros países e regiões famosas", explica Luís de Castro. Um passo na estratégia de internacionalização da região, de acordo com estudo, já na 2.ª fase, elaborado pela consultora inglesa Wine Intelligence.

Na prova, que contou também com a participação de João Sardinha, chefe da Câmara de Provadores da Região do Tejo, Charles Metcalfe provou cerca de 150 vinhos da região. Os resultados, as críticas e conselhos serão agora compilados e comunicados aos agentes económicos da região.

Mas até lá, o crítico de vinhos mais português dos críticos de vinho internacionais - afinal já vem a Portugal fazer provas há cerca de 30 anos - revela algumas impressões: "O Tejo é, acima de tudo, uma região de vinhos tintos". A maioria são blends e vinhos monocasta. "Uma casta que funciona muito bem aqui é a francesa Syrah", aponta. Mas o Tejo também tem "alguns bons vinhos brancos".

Apontando que a maioria das vinhas são Fernão Pires, que dão vinhos para serem bebidos jovens, o crítico defende que a "qualidade geral é muito melhor do que costumava ser." Metcalfe define: "são vinhos mais leves, elegantes, frescos, mas que não duram para sempre".

Porém, surpreendeu-se com os vinhos brancos de reserva. "Não sei que blend de uvas eram e a maioria eram blends", diz o critico que arrisca: Castas nacionais como Fernão Pires ou Arinto e internacionais como Sauvignon Blanc, Chardonnay e Viognier. "Alguns destes vinhos eram absolutamente fantásticos", elogia.

Vinhos capazes de ganhar medalhas? Sim. Como por exemplo na última edição International Wine Chanllenge. "Portugal ganhou medalhas de ouro, não só com o Vinho do Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal - porque os vinhos fortificados estão sempre bem -, mas existem vinhos maravilhosos de outras regiões."

Se é uma evolução constante? O crítico inglês responde que é difícil dizer, porque "Portugal é levado em duas direções: Existem pessoas, como eu, que querem que Portugal faça os melhores vinhos - e Portugal é capaz de os fazer -, mas existem também clientes, como os supermercados ingleses, que querem comprar vinhos muito baratos, obtendo o maior lucro possível."

Por isso, acrescenta Metcalfe, "é difícil dizer "Sim, os vinhos portugueses estão a ficar cada vez melhores", a partir do momento em que se continua a pedir a Portugal para produzir vinhos baratos - com preços muito "espremidos" a pedido de alguns dos seus clientes - assim como para produzir vinhos de alta qualidade." Para o crítico, "é difícil de se conseguir verdadeira qualidade, porque os produtores têm de cortar custos." Uma realidade que a nova geração de produtores está determinada em mudar.

Como? Os produtores que costumavam entregar as suas uvas às cooperativas decidiram produzir e vender os seus próprios vinhos. Mandaram os filhos estudar Enologia para uma boa universidade, trabalhar nas vindimas e depois regressar a casa para fazer o vinho.

"É assim, que os produtores retiram mais valor das suas terras", analisa Metcalfe, advertindo que "é um plano mais dispendioso de se montar, mas o potencial para se fazer mais dinheiro, através dessas vinhas de família, é maior." Está a acontecer aqui no Tejo, mas o crítico acredita que esteja a acontecer em toda a parte de Portugal.

Mas o que faz um bom vinho? "Hoje conseguem-se vinhos fáceis e agradáveis com boa tecnologia, mas os melhores vinhos irão ser sempre feitos em solos mais difíceis, em quotas mais altas, que obrigam a vinha a trabalhar mais, e que a região do Tejo também tem", defende.

Assim, o crítico acha que não faz sentido juntar a região vitivinícola do Tejo (composta por cerca de 17 mil hectares, que produzem, anualmente, cerca de 800 mil hectolitros) com a de Lisboa. Como regiões muito diferentes a nível geográfico e de clima que são "não vejo grandes razões para se fundirem, seja do ponto de vista geográfico, climatérico ou de marketing", defende o crítico. Pois, para ele "Tejo é um nome bom, é um nome que a região tem de tornar familiar no mundo e é um bom nome. Simples. Fácil."

 

 

Fonte: Dinheiro Vivo