Angola é o principal destino dos vinhos portugueses fora de Portugal.
Um mercado que atravessa uma forte crise e que está a provocar "quedas
de 30% no sector mas podem ir até aos 50% até ao final do ano", avançou
Eduardo Medeiro, vice-presidente executivo do grupo Bacalhôa e Aliança -
Vinhos de Portugal, em entrevista ao programa Grandes Negócios, do Etv.
Para
o responsável as contas são fáceis de fazer: "Portugal exporta 53% do
vinho que produz para cinco mercados - Angola, Estados Unidos, Reino
Unido, Alemanha e Brasil. Angola, sozinho, representa metade desses 53%.
Se o sector está com quebras entre os 30% e os 50%, as vendas totais de
vinhos portugueses, contando com mercado nacional e internacional, está
a cair 7,5% a 15%".
Eduardo Medeiro admite que o grupo Bacalhôa
também está a sofrer com as dificuldades da economia angolana. Sem
querer detalhar os números, o vice-presidente do grupo de Joe Berardo
garante que "as quedas são muito inferiores nas vendas para Angola".
Por
ano, o grupo Bacalhôa, que se tornou accionista maioritário da Aliança
em 2007, tem vendas de 45 milhões de euros, marcando presença em mais de
60 países.
Apesar da presença internacional - que começou logo
na década de 30 com a exportação dos produtos Aliança para o Brasil -,
Eduardo Medeiro considera que o grande desafio do grupo e do sector em
geral "não é exportar vinho mas internacionalizar o vinho. Auscultar os
mercados internacionais, perceber o que querem os consumidores dos
mercados e adaptar esse ‘feedback' dentro das empresas". À luz desta
estratégia, a Bacalhôa faz vinhos específicos, mais doces, ao gosto dos
consumidores da Rússia e da Polónia, por exemplo.
E em plena
época das vindimas, com 70% da produção a depender de vinhas próprias, o
responsável da Bacalhôa e da Aliança está confiante nesta colheita. "A
permanecer assim o tempo e as previsões meteorológicas podemos
considerar que vamos ter uma vindima muito boa", mas aqui aplica-se
verdadeiramente a sabedoria popular: "até ao lavar dos cestos é
vindima". Ainda assim, Eduardo Medeiro acredita na subida media de 8% da
produção, como prevê o Instituto da Vinha e do Vinho.
Entrada em bolsa ainda é hipótese válida
Eduardo
Medeiro defende que o sector dos vinhos em Portugal precisa de se
consolidar e deixar de ter tantos pequenos produtores para passar a ter
"cinco ou seis grandes grupos", como acabou por acontecer, com
naturalidade ao longo das últimas décadas com o vinho do Porto. Segundo o
vice-presidente-executivo do grupo Bacalhôa, "a empresa está sempre a
olhar para movimentos de consolidação do sector".
Além disso, há
um projecto pendente desde 2009 e que se mantém à espera de melhores
condições de mercado: a entrada em bolsa. Eduardo Medeiro acredita que o
projecto ainda faz sentido porque "uma empresa de vinhos precisa de ter
ainda mais dimensão e investimento. Precisa de estar exposta a
‘stakeholders' e a mais accionistas".
O grupo já não é
desconhecido dos portugueses até porque "o mais importante investimento
de marketing" é o enoturismo. Entre Bacalhôa e Aliança, o grupo tem
quintas no Douro, Dão, Alentejo e na Península de Setúbal e tem um Museu
subterrâneo nas caves da Aliança. Por ano, visitam as estruturas de
enoturismo do grupo cerca de meio milhão de pessoas e "a maior parte
compra vinho".
Fonte: Económico / Marina Conceição
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