Na hora de olhar para o mapa mundo e distribuir o orçamento anual de €8 milhões para a promoção internacional dos vinhos portugueses em 2016, a Viniportugal decidiu consagrar 25% deste valor aos Estados Unidos, numa estratégia que replica a prática dos últimos anos e já colocou este país como o maior mercado dos vinhos engarrafados nacionais.
Em vendas, excluídos os vinhos do Porto e Madeira, este esforço traduz-se num crescimento de 30,3% nas exportações para os EUA, para €28,8 milhões, com o preço médio por litro a subir 14,6%, para os €2,70, nos primeiros nove meses do ano.
"O comportamento do mercado americano, a par do Canadá, onde as exportações cresceram 15,4% até setembro, está a ser decisivo para a dinâmica exportadora do sector", comenta Jorge Monteiro, presidente da Viniportugal, a associação interprofissional do sector vitivinícola responsável pela promoção dos vinhos portugueses.
À espera de bater o sexto recorde consecutivo nas exportações, depois de um crescimento de 3% até setembro, os vinhos lusos compensam, assim, a quebra de 10,6% registada em Angola, onde têm o seu maior mercado, com uma quota de 17,4% nas vendas, à frente dos EUA (10,1%). Mas compensam, também, as quebras de 10,2% na Alemanha, terceira no ranking, e de 5,4% no Brasil, o seu quinto destino, atrás do Canadá.
Para o desempenho do outro lado do Atlântico, contribui o efeito da relação euro/dólar, mas também "o reconhecimento crescente dos vinhos portugueses pelas revistas e críticos especializados, atentos à diversidade da oferta e à relação qualidade-preço".
Se em 2014 Portugal foi, a par da Nova Zelândia e de Itália, um dos três únicos países no mundo a exportar mais, foi, também, "o país com maior percentagem de vinhos classificados nos dois níveis de topo do resumo anual da revista ‘Wine Spectator'" e "tem ficado sempre em terceiro ou quarto lugar nas classificações da Wine Enthusiast de melhores compras e melhores vinhos de guarda", sublinha Jorge Monteiro.
Em 2016, o lema é, assim, expandir o trabalho que está a ser feito na América. De Nova Iorque e São Francisco, as ações promocionais saltam para Chicago, Boston, Houston, Austin e Seattle, mantendo a aposta tradicional nas provas e na formação, a par da promoção em pontos de venda.
Num plano de trabalho que faz da continuidade um dos seus pilares, a grande novidade no próximo ano será a entrada na Coreia do Sul, "um mercado com bom poder de compra e com algum efeito de imitação do Japão (onde as exportações cresceram 9,1%)", justifica Jorge Monteiro, adiantando que o orçamento para este país vai duplicar para €200 mil e as ações promocionais serão alargadas de Tóquio a Osaka.
O caso da China, a registar um crescimento de 60% na compra de vinhos portugueses, só batido pelos 85% da Finlândia, é seguido com atenção, apesar de "alguma dificuldade em comunicar marcas e perceber tendências", refere o presidente da Viniportugal, também a investir aqui numa feira em Xangai e em provas em três cidades, mas atento ao facto do preço médio por litro de vinho ter caído 6,5%, para os €1,97, face a período homólogo.
No radar, sob observação, passa a estar a Suíça, que se junta à França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Dinamarca num grupo de países em que será testado um novo modelo de formação com parceiros da restauração e escanções.
Fonte: Expresso / Margarida Cardoso
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