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Casa Santos Lima - Crescimento de 40% nas exportações
“Um crescimento de cerca de 40%, só é possível com vinhos de qualidade a preço competitivo nos mais de 40 países para onde exportamos”

A Casa Santos Lima está situada em Aldeia Galega da Merceana no concelho de Alenquer, a cerca de 45 km a norte de Lisboa, numa região onde a tradição vitivinícola é secular e onde as típicas paisagens rurais aparecem com enorme beleza. Trata-se de uma empresa familiar há já várias gerações, fundada por Joaquim Santos Lima, que no virar do século XIX era um grande produtor e exportador de vinhos. José Luís Santos Lima Oliveira da Silva deixou há 20 anos a sua bem-sucedida carreira na banca e sector financeiro e dedicou-se de corpo e alma à continuidade da tradição da família com notável sucesso. É possível encontrar na Casa Santos Lima cerca de 50 diferentes variedades nacionais e internacionais e com Vinhas e Adegas no Algarve, Alentejo, Douro e Verdes.

O EMIGRANTE/MUNDO PORTUGUÊS visitou mais uma vez, uma empresa que regista crescimento e investimentos notáveis e, falou com o bisneto do fundador que recorda "o meu bisavô no final do Séc. XIX era já um grande produtor e exportador de vinho, com quintas em várias regiões do país, sobretudo no Dão e aqui em Alenquer. Era natural de Santar e começou a exportar vinho para o Brasil na segunda metade do Século XIX onde foi bem-sucedido. Depois, fruto da atividade que foi desenvolvendo foi comprando mais terras e começou a produzir o próprio vinho que exportava, daí estas quintas onde é a sede da Casa Santos Lima. 

O investimento numa nova adega, construída de raiz, na Quinta da Boavista, junto à casa da família e tão bem inserida na paisagem, numa arquitetura aliada às mais avançadas tecnologias, e a moderna linha de engarrafamento, é um claro sinal que os Vinhos produzidos com a chancela "Santos Lima" mostram o seu crescimento.
Recordemos que foi em 1996 que José Luís Santos Lima Oliveira da Silva iniciou a comercialização dos primeiros vinhos engarrafados - Quinta da Espiga, Quinta das Setencostas e Palha-Canas, que imediatamente tiveram grande sucesso nos mercados nacional e internacional, tendo recebido inúmeros prémios e críticas favoráveis por parte da imprensa especializada. Hoje, refere que já não manda emoldurar os diplomas e prémios conquistados, dado o seu elevado número. A Casa Santos Lima é uma empresa que produz actualmente vinhos em diversas regiões do País. Tem também uma garrafeira no coração de Lisboa e oferece uma grande variedade de produtos e serviços. Estamos perante uma empresa moderna que cresceu cerca de 40% no volume de vendas em 2015.

MP - Duas décadas sempre em crescimento! Quantos milhões de litros hoje a Casa Santos Lima vinifica?
José Luís Oliveira da Silva - Sempre em crescimento e vinificamos muitos litros de vinho. Hoje em dia, a Casa Santos Lima já não é só a Quinta da Boavista e as quintas que estão aqui próximas; não é só Alenquer!
A Casa Santos Lima hoje em dia, alargou a oferta em Alenquer com mais vinhas que plantou, com mais vinho que vinifica e comercializa, mas sobretudo a Casa Santos Lima, alargou-se para outras regiões. Hoje temos vinhas no Algarve, na região de Tavira para produzir vinho regional do Algarve; temos uma parceria no Alentejo com um produtor local e amigo de longa data, do qual estamos a produzir o vinho e a comercializar e, entrámos na região do Douro e dos Vinhos Verdes através de aquisição total ou parcialmente, de sociedades já existentes. Dispomos na nossa oferta global, ainda que nem sempre sobre a identidade Casa Santos Lima, (dado serem sociedades com a sua denominação feita) que é Sociedade Agrícola Quinta de Porrais perto de Murça e a Casa de Vila Verde - Sociedade Agrícola Lda em Lousada e isso permitiu-nos poder responder a pedidos dos nossos clientes de vinhos de outras regiões e que, até à data íamos encaminhando para produtores dessas regiões.
MP - Passou a ser um produtor global de vinhos portugueses?
JLOS - Passámos a ter uma posição maior e entretanto entrámos na distribuição com aquisição de uma garrafeira, que nos permite um contacto mais direto com o cliente final.
Portugal como sabem, não é o nosso principal mercado de destino, não por opção mas porque assim aconteceu desde o início, mas o mercado nacional vai crescendo naturalmente em diversas frentes, quer em distribuidoras regionais, grandes superfícies, pequenos e médios retalhistas.
Iremos de uma forma mais proactiva dentro de poucas semanas entrar no Enoturismo, dado agora dispormos de excelentes condições de receção para a promoção da região e de divulgação dos nossos vinhos. Com estas novas instalações passamos a poder oferecer essa mais-valia. Fruto do crescimento da Casa Santos Lima comprámos as instalações do ex-IVV no Carregado, comprámos as antigas instalações do IVV na Merceana e estamos a concretizar a aquisição das antigas instalações da Adega Cooperativa da Merceana adjacentes ao ex-IVV. Isso permite-nos um espaço adicional de vinificação, armazenamento e estágio de vinhos que vai suportar o maior crescimento da Casa Santos Lima nos próximos anos.

MP - "Mais de 90% da produção total é exportada para 30 países espalhados pelo mundo inteiro", foi uma das suas afirmações numa das últimas entrevistas que concedeu ao nosso jornal. O forte continua a ser o mercado internacional?
JLOS - Esses países continuam todos, mas hoje estamos perto dos cinquenta países. O crescimento é grande, cerca de 40%, fruto de uma enorme equipa constituída por colaboradores que aliam competência, forte dedicação, larga experiência e um conhecimento aprofundado da realidade dos mercados para que exportamos. Aliás um dos pilares do crescimento da Casa Santos Lima tem sido a atitude, dinamismo e dedicação de toda a nossa equipa.

MP - Não deixa de ser curioso as suas recentes apostas em termos de viticultura. Apostou no Algarve e na cidade de Lisboa em que, imagine-se junto à Rotunda do Relógio/Aeroporto vemos uma vinha plantada sobre a sua chancela.
JLOS - A região do Algarve já foi muito conhecida no passado em termos vitivinícolas. Teve grandes adegas cooperativas (Lagoa-Tavira), porém outros valores se levantaram em termos do turismo e valorização dos terrenos que desviaram a atenção do mundo rural. Hoje assiste-se a uma maior atenção para a agricultura, quer no campo das estufas (framboesas e frutos vermelhos) quer no campo do vinho em que se assiste a diversas plantações. É uma região que produz bons vinhos, quente e seca, mas com uma boa amplitude térmica pelo que não há razão para não fazer bons vinhos no Algarve.
Aliás já obtivemos excelentes prémios com os vinhos do Algarve, incluindo duas medalhas de ouro no "Austrian Wine Challenge 2015" e "Concurso de Vinho de Portugal 2015" para o nosso tinto "Al-Ria".
A par disso a Casa Santos Lima vai investir no medronho da Serra Algarvia, estando a promover uma plantação de medronheiro.

MP - E o cultivo da vinha ajuda a amenizar e paisagem...
JLOS - Sim, conseguem-se paisagens maravilhosas quer junto à costa quer junto ao sopé da montanha, e na região de Tavira temos vinhas muito bonitas e diferentes. Vai permitir enriquecer a oferta turística algarvia, e vamos incluir visitas à nossa adega e nossas vinhas, como um atractivo adicional na oferta turística. Em relação a Lisboa, agora no regresso do Brasil e na aproximação à pista, sobrevoei a vinha que plantámos no âmbito de uma excelente parceria com a Câmara Municipal de Lisboa. É uma aposta numa diversificação da paisagem em Lisboa e que não há razão para não produzir bons vinhos!
Tem uma área de dois hectares junto à Avenida Marechal Gomes da Costa, logo a seguir à Rotunda do Relógio e resulta de um desafio conjunto nosso e da Câmara Municipal de Lisboa que tem feito um trabalho notável no âmbito do aproveitamento de terrenos camarários, com hortas urbanas e a vinha é uma nova cultura que nunca se tinha desenvolvido. De um vazadouro anárquico nasce uma nova paisagem. A ideia não é minha, é da Câmara Municipal de Lisboa e nós apenas, como maiores produtores da Região, aceitámos este desafio com muito entusiasmo. A vinha vai poder ser visitada por turistas, pelos lisboetas, vai ser um novo espaço e cartão-de-visita de Lisboa, dos que queiram aprender o ciclo da vinha. Não é a questão económica que levou a Casa Santos Lima a aceitar o desafio.

MP - Fora disso vinifica as uvas da produção do Instituto de Agronomia na Ajuda?
JLOS - Foi o segundo ano que o fizemos e correu muito bem. Lançámos um vinho dessa produção "Experiências" um vinho premiado e que entretanto já é comercializado em Portugal e no estrangeiro.

MP - E como se vai chamar o vinho produzido nesta freguesia lisboeta de Marvila?
JLOS - Já pensei no nome mas não o quero ainda divulgar. A seu tempo...

MP - A Casa Santos Lima nas referências internacionais e falamos da revista americana do mundo dos vinhos Wine Spectator e das melhores "wineries for value", além de referir que é o maior produtor de "Vinho Regional Lisboa" e DOC Alenquer e o produtor mais premiado nos concursos internacionais, que, considera ainda a adega do país com melhor desempenho no que diz respeito à relação qualidade/preço!
JLOS - Foi sempre a nossa aposta. A minha vida profissional antes dos vinhos foi na área financeira incluindo a banca, quer em Portugal, França e Londres e acabei por seguir as pisadas do meu bisavô, que era um dos grandes produtores deste país. Se lhe dissesse que há 20 anos projetei estar no patamar em que estamos no setor vitivinícola, estaria a mentir. As oportunidades foram surgindo. Continuamos a ser dominantes nos mercados da Escandinávia, onde somos, destacadamente, o maior produtor nacional e a crescer todos os anos! Acaba por ser reconfortante, que a nossa qualidade seja reconhecida, porque nesses mercados de monopólio, é preciso efetivamente ter qualidade, é preciso ter preço, é preciso ter reconhecimento por parte do público consumidor. O número de referências disponíveis é imenso, são milhares de vinhos e marcas com quem concorremos, as opções são múltiplas e sobreviver nesse contexto competitivo, é a melhor prova que podemos ter, em que estamos a seguir um dos caminhos certos, porque não há um caminho certo.
Temos também uma presença forte e em crescimento em mercados tão diversos como a Angola, Brasil, China e Austrália, Japão, Polónia, Irlanda, Cabo Verde e Moçambique. Adicionalmente também nos orgulhamos de ter presença em países com pouca tradição de consumo de vinhos, como a Coreia do Sul, Tailândia, Malásia ou Singapura. A qualidade/preço foi o princípio que sempre nos orientou e no âmbito da atividade do engarrafamento de vinho de qualidade, a empresa desenvolveu uma estratégia multi-marca, privilegiando produtos de excelente relação qualidade/preço, frequentemente reconhecidos pela imprensa com a atribuição de referências "Best Buy".
A Casa Santos Lima apresenta também, uma estratégia de grande flexibilidade e atenção às necessidades do cliente, quer através de uma resposta rápida aos seus requisitos, quer antecipando tendências de mercado. Temos no entanto a nível internacional um imenso potencial e um longo caminho a "desbravar" e percorrer. Há que ir por fases e não partilho de opiniões que certos organismos suportam que - "temos que apostar sobretudo em vinhos caros" - mas sim apontar às exigências da maioria dos clientes. Os vinhos mais caros vêm por acréscimo. Este ano crescer cerca de 40%, só é possível com vinhos de qualidade a um preço competitivo e que deixem margem para reinvestir, plantar mais vinhas e financiar a estratégia do crescimento da empresa. Esse devia ser o foco principal dos vinhos portugueses, porque há condições para produzir vinhos com preços atractivos para o consumidor e compensadores para os produtores.
Portugal continua a ter pouca visibilidade lá fora e por vezes, o mais difícil é levar os clientes a provar os vinhos portugueses. Esse é o trabalho! Ainda hoje, acontece com frequência, em feiras de vinhos no estrangeiro darmos à prova vinhos a pessoas que estão naquele preciso momento a provar vinho português pela primeira vez. Quem prova pela primeira vez surpreende-se quase sempre pela qualidade e, quando questiona o preço surpreende-se novamente de forma positiva.
É nessa estratégia que temos apostado!
Por exemplo nós exportamos muito vinho para a Austrália e, numa das últimas provas em que estava presente e, em que muitos nunca tinham provado vinho português; reparando no preço e distância de onde era exportado, ficam admirados. É importante que o preço do vinho nos mercados internacionais cresça, mas mais importante é vender os vinhos.
Competimos num mundo global não nos podemos esquecer! Aliás falando na Austrália, deixe-me referir que há cerca de 2 anos o nosso vinho tinto "Bons-Ventos" foi considerado com o "Melhor Vinho Importado" do país.
E este ano o tinto "LAB" foi considerado um dos 100 melhores vinhos do "Sydney International Wine Competition" recebendo, ainda, o prémio especial de melhor vinho feito a partir de variedade de uvas menos comuns ("The Ted Radke Perpetual Trophy for Best Table Wine made from a Lesser Recognised Grape Variety"). Cerca de 30% dos nossos vinhos são comercializados em "bag in box" (BIB). Deixe que refira que o "bag in box" foi um dos produtos em que fomos pioneiros em Portugal e quando começámos a exportar BIB para a Noruega (onde mais de 50% do consumo de vinho é em BIB), fomos dos primeiros produtores de vinho portugueses a ser exportador neste tipo de embalagem. Este produto foi vital para o nosso crescimento nos mercados nórdicos, onde 50% a 60% do consumo dos vinhos é em BIB. 

MP - Casa Santos Lima sempre uma presença assídua no SISAB PORTUGAL?
JLOS - O evento é muito bem organizado e muito profissional e temos garantido a presença da Casa Santos Lima nas várias edições que se têm realizado, sempre com muito sucesso

 

Fonte: Mundo Português