O vinho de talha - que se destinge do vinho de produção tecnológica pelo uso de uma técnica romana de vinificação assente nas talhas de barro e por recorrer uma grande componente de mão-de-obra - começa agora a dar os primeiros passos da exportação e a ser alvo da atenção empresarial das grandes adegas.
O tema foi tratado ontem na Feira Anual de Cuba, durante a 1ª Conferência de Vinho de Talha, que contou com a presença de especialistas, produtores e autoridades políticas e administrativas.
Virgílio Loureiro é professor aposentado do Instituto Superior de Agronomia e um reputado especialista no estudo desta técnica ancestral de produção vitivinícola. Durante a conferência, Virgílio Loureiro deixou o alerta para o perigo de extinção que correm as tabernas tradicionais, onde era vulgarmente consumido este néctar de elevada qualidade.
As tabernas agora em extinção foram, ao longo de décadas, ponto de encontro e socialização de homens, sobretudo trabalhadores agrícolas. Eram espaços de socialização onde nunca faltava o cante ao despique e os petiscos de pêro, tomate ou toucinho. Memórias ontem recuperadas por Virgilio Loureiro.
A Herdade do Esporão produz vinho de talha desde 2014, num processo que obrigou os seus especialistas a irem para o terreno à procura de quem ainda conhece os segredos deste processo de vinificação. Hoje, e de acordo com António Roquette, gestor de enoturismo da Herdade do Esporão já produzem e comercializam o resultado desse investimento.
A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito produz, anualmente, cerca de 600 litros de vinho de talha. Um produto obrigatoriamente mais caro devido ao grande investimento exigido em mão-de-obra, como refere José Miguel Almeida, presidente da Adega Cooperativa.
Até segunda-feira vai ser possível apreciar o vinho de talha, no espaço da 1ª Mostra do Património Alentejano, na Feira Anual de Cuba.
Fonte: Rádio Voz da Planície
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