Museu Nacional do Vinho
Instalado na antiga Adega que em 1874, José Eduardo Raposo de Magalhães mandou edificar para aí implementar e desenvolver a vinicultura da região.

Alcobacense ilustre, de índole generosa e de personalidade multifacetada, José Eduardo Raposo de Magalhães licenciou-se em Engenharia Militar, cursou Filosofia e Matemática em Coimbra, tendo também sido músico amador e regente, mas foi na sua dedicação à Agricultura que deu alto renome à sua terra.

De facto, responsável maior pela fama e desenvolvimento da vitivinicultura de Alcobaça, José Eduardo Raposo de Magalhães aplicou, na construção da sua Adega, a tecnologia mais avançada do seu tempo, patente ainda hoje na qualidade dos materiais, na racionalidade dos espaços e nas condições de higiene preconizadas.

Em 1948, a Junta Nacional do Vinho (JNV), organismo corporativo e de coordenação económica, adquire aos Herdeiros de José Eduardo Raposo de Magalhães, a referida adega e terrenos adjacentes, passando aí a funcionar a Adega Cooperativa e os Armazéns da JNV, devidamente modernizados e ampliados, nomeadamente na construção dos Depósitos "Air form".

Em 1968, decorrente do encerramento de alguns dos Armazéns da JNV, foi dado início à recolha de material vinário disperso nas suas várias Delegações. Exercendo, na época, funções de Delegado da JNV em Leiria, Manuel Augusto Paixão Marques, pessoa de grande sensibilidade para a conservação patrimonial, cedo se interessou pelo espólio que se adensava e que, por razões logísticas, ia sendo reunido em Alcobaça. Em 1976, com a passagem da Adega Cooperativa para novas instalações e correspondente desactivação das adegas e dos depósitos, procedeu, então, à organização dos diversos espaços museológicos. Assim, ciente do valor histórico, científico e etnográfico das peças em questão, foi dando início a uma colecção única e preciosa, enriquecida, também, com doações e material posteriormente adquirido em antigas adegas e antiquários, que sistematicamente percorreu e aturadamente investigou, como todo o verdadeiro coleccionador, em permanente busca de um ou outro objecto fundamental, temporariamente perdido.

A partir de 1986, com a Organização Comum de Mercado do Vinho, resultante as adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, foi criado o Instituto da Vinha e do Vinho, organismo que herdou o património documental, móvel e imóvel da extinta Junta Nacional do Vinho. Foi na vigência desta instituição que o Museu Nacional do Vinho, em Alcobaça, abriu as suas portas ao público, ocupando um núcleo de edifícios de indiscutível interesse arquitectónico e reunindo o mais importante espólio vitivinícola existente em Portugal.

Actalmente encontra-se encerrado

Contacto:

Rua Mouzinho da Silveira, 5
1250-165 Lisboa
Telefone: 21 350 67 00
Linha Azul: 21 314 50 33
Fax: 21 356 12 25

E-mail: info@vv.min-agricultura.pt
Site: www.ivv.min-agricultura.pt

 

Testemunho da evolução do sector, este Museu conta com um acervo de cerca de dez mil peças distribuídas pelas várias instalações coevas da primitiva adega:

Adega dos Balseiros
Adega dos BalseirosEsta Adega contém 14 balseiros, construídos em 1947 e 1948, com capacidades compreendidas entre 9 300 e 15 300 litros, que durante três décadas foram utilizados como ânforas de fermentação das uvas tintas recebidas pela Adega Cooperativa de Alcobaça.

 

A sala comporta também 2 prensasmóveis, montadas num estrado de ferro com 4 rodas, um esgotador horizontal, 2 balanças de armazém, 1 balança de pesar cascos e um filtro de placas.


Adega dos Depósitos
Adega dos DepósitosEsta Adega é constituída por 18 depósitos em cimento armado, com capacidades entre 19 000 e 50 000 litros. Estes depósitos foram abertos para se criarem espaços expositivos.

 

Assim, este percurso inicia-se com a representação de uma "meia laranja" ribatejana, composta por enxadas, panelas, gamela, algumas cepas, ancinho, canecos, etc.

Nas duas salas que lhe estão contíguas, destacamos alguns objectos destinados ao tratamento das vinhas: sulfatadores, torpilhas, e enxofradores de fole.

Esta sequência de depósitos apresenta seguidamente um núcleo dedicado a todo o material de laboratório existente neste Museu e finaliza com a mostra de uma vasta colecção de material vinário em miniatura.

Este sector abre para um corredor, onde podem observar-se, entre outros objectos, 11 talhas alentejanas em barro, as mais antigas datadas de 1828 e 1858, originárias de casas agrícolas, nomeadamente da região de Reguengos de Monsaraz; várias tesouras de poda de diferentes modelos; utensílios de laboratório; dois cartazes que marcaram um determinado período da História de Portugal, com destaque para dois exemplares onde se pode ler "Beber vinho é dar pão a um milhão de portugueses" e "Comam uvas, bebam vinho. Quem beber vinho contribui para o pão de mais de um milhão de portugueses"; uma placa de sarro extraída de um tonel que conteve 25 colheitas sem ser descerrado e uma moto Harley Davidson, de 1939, utilizada pelos serviços de fiscalização da ex-Junta Nacional do Vinho e que é uma atracção para os "motards" que visitam o museu.


Adega dos Vinhos Brancos
Adega do Vinho BrancoEste espaço possui um lagar de grandes dimensões que recebia as uvas brancas que, posteriormente, eram esmagadas por um esmagador.

Tem, também, um pequeno lagar utilizado para a esprema dos bagaços.

Aqui estão expostos, entre outros objectos, 1 conjunto de 5 talhas alentejanas em barro, a mais antiga datada de 1620, 2 prensas manuais com cincho em madeira, 1 prensa de vara e fuso, 2 prensas hidráulicas, 1 elevador de cascaria (modelo único) construído para funcionar nesta adega e um muito antigo e raro exemplar de esmagador-desengaçador.


Adega dos Vinhos Tintos
Adega dos Vinhos TintosInstalada no piso superior, a fim de aproveitar o declive, esta Adega possui 5 lagares construídos em alvenaria, cada um com uma janela, por onde eram descarregadas as uvas tintas para um esmagador-desengaçador móvel, instalado sobre duas vigas de madeira, podendo receber uvas em qualquer das janelas e para qualquer lagar.

O mosto do vinho corria, por gravidade, para tonéis instalados numa dependência na parte inferior. Os bagaços eram lançados, também por gravidade, numa prensa que se mandou construir.

Chamamos a atenção para um par de alambiques, o mais antigo datado do séc. XVIII, para uma colecção variada de canjirões em cerâmica, para algumas centenas de garrafas, a maioria com mais de 60 anos de engarrafamento, para um jogo de medidas em metal, mandadas fazer em 1818 pelo rei D.João VI aquando da unificação dos pesos e medidas portugueses e para uma mesa com vários arrolhadores manuais acoplados.


Adega dos Tonéis
Adega dos TonéisEsta Adega conta com um conjunto de 17 tonéis, na sua maioria construídos em madeira de carvalho, cujas capacidades variam entre os 2 500 e 23 577 litros, utilizados na conservação e envelhecimento de vinhos especiais.

Neste espaço existe, ainda, um conjunto de filtros de diversos modelos em que o mais antigo é do tipo Gasquett e está datado do início deste século.

Em instalações anexas aos edifícios principais e testemunhando a intensa actividade que estes espaços conheceram outrora, existem, ainda, uma Abegoaria , uma Oficina de Tanoaria , uma antiga "Casa da Malta", única em Portugal, e uma Taberna.

Abegoaria
AbegoariaA carência de estradas e a dureza dos caminhos rurais levaram à utilização, quase até aos dias de hoje, de veículos de tracção animal.

Este espaço representa uma memória dessa realidade, através da exposição de uma colecção de carros antigos usados no transporte de uvas, de vinho e de trabalhadores.

A colecção é composta por galeras de tracção bovina, muar ou cavalar, um aranhol utilizado no transporte de cascos, alguns carros de bois, uma carroça e conta, também, com algumas alfaias agrícolas, nomeadamente, arados.


Oficina de Tanoaria
Oficina de TanoariaNesta sala estão expostas as diversas ferramentas usadas pelos tanoeiros para o fabrico de vasilhas e tonéis. Assim, podemos observar uma cisterna que se aquecia e onde se mergulhavam as madeiras para as tornar maleáveis.

Este espaço conta, ainda, com algumas aduelas e fundos de cascos, uma colecção de arcos de diversas medidas, plainas, bigornas, bancos de raspilha, um baixete e um macaco de bastir.


Casa da Malta
Casa da MaltaEspaço que mantém as características do início deste século, é designado por Casa da Malta, dado ser aqui que viviam os trabalhadores, oriundos de outras regiões e que se deslocavam em ranchos para participarem nas vindimas.

Mantendo, ainda, duas grandes tarimbas com palha que serviam de dormitório e um considerável conjunto de objectos do quotidiano, este espaço conta, também, com diversas alfaias agrícolas (enxadas, ancinhos e gadanhas) que acompanhavam estes imigrantes sazonais.


Taberna
TabernaEspaço fresco e escuro, praticamente sem janelas, a taberna era um local frequentado por homens, nos seus momentos de descanso.

Aqui bebia-se quase exclusivamente vinho, jogava-se às cartas, dominó ou damas e conversava-se. Era o espaço de sociabilidade por excelência.